VIRGINIA
O telefone tocou
e uma voz inconfundível,
macia, suave...
Deixando traduzida a emoção que sentia
revelava-me naquele instante
e eu percebia, mesmo distante,
o desejo de Virgínia.
Surpreso, mas deixando-me encantar
e levar-me pelo amável convite,
aceitei o anseio manifestado e fui levado
pela graça e pela busca do prazer.
Fui ver!
E encontrei Virginia,
aparentemente calma, mas ansiosa!
Recebeu-me com um abraço!
Fui levado para dentro do espaço
reservado do seu lar.
Talvez, pela timidez,
quem sabe, até por ser a primeira vez
que ficávamos tão sós e tão perto,
buscávamos assuntos que por certo
disfarçavam o que realmente queríamos
e onde desejávamos chegar.
Nossos olhares se cruzavam
e o brilho de nossos olhos se refletia;
falamos de poesia
dos amores vividos
dos tempos idos
dos entes queridos
numa desfaçatez perceptível
fazendo prolongar um encontro
que não queríamos que acabasse
sem que houvesse o enlace
de nossos desejos retidos.
Mais tarde, depois de refletido,
de vencermos as sensações contidas
ela veio vestida
numa camisola longa, preta,
revelando sua silhueta,
abraçando-me com fervor.
Despojou-se ardentemente
todo seu desejo de amor!
Deixou escorregar pelos ombros
as alças que sustentavam
o tecido sedoso de sua veste;
permitindo ir ao chão o que lhe cobria,
expondo de vez o que escondia...
Seu corpo, sua abrasadora vontade de ser tocada,
de ser amada,
de suspirar de prazer.
de ser amada,
de suspirar de prazer.
Caminhou despida,
num andar insinuante,
revelando seu corpo nu;
e debruçou na primeira parede
deixando que ali matasse minha sede;
iniciando o deleite de sentir sua pele,
seus contornos e o fervor
emitidos de suas artérias.
O colchão que estava nos esperando
não foi aquele que deitamos
e nem sequer assistiu
aquilo que o outro viu
entre nós acontecer
antes do amanhecer.
Virginia!
Como foi bom te conhecer...
Que prazer!
Roberto P. Acruche
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