FALANDO DE TROVA

A. A. de Assis.
Meados de 1965. Do hotel onde eu estava, de passagem pelo Rio de Janeiro, telefonei para Luiz Otávio. Ele, desejando encompridar a prosa, convidou-me para jantar em sua casa, em Vila Isabel. Encontrei-o embrulhado num avental de borracha, todo sujo de tinta. Explicou: estava na lida em seu famoso mimeógrafo, imprimindo um boletim do GBT – Grêmio Brasileiro de Trovadores, precursor de nossa atual UBT. Os que têm mais de 50 anos certamente se lembram do velho mimeógrafo a álcool, uma complicada engenhoca muito usada então nas escolas e escritórios. A correspondência de Luiz Otávio era tão volumosa que ele precisou instalar em sua biblioteca uma daquelas rústicas impressoras. Ficava ali às vezes até de madrugada preparando o material que pelo correio enviava aos trovadores de todo o Brasil e de outros países. Hoje me ponho a matutar sobre o que aquele extraordinário apóstolo da trova faria se tivesse podido contar com os recursos do computador e da internet. Se com a pachorrenta maquininha de escrever e o lambuzento mimeógrafo conseguiu fazer da trova o maior sucesso literário do século 20, imagine se tivesse à sua disposição as facilidades com que agora contamos... Ah, sim... mas o que eu queria mesmo dizer era que durante aquele jantar discutimos os primeiros detalhes com vistas à realização do I Festival Brasileiro de Trovadores, megaevento que em abril de 1966 reuniu em Maringá os mais badalados craques da trova de todo o Brasil na época. (in LitteraTrova, n. 5, julho, 2009)

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Quem Sou eu

Eu sou um caso,
um ocaso!
Eu sou um ser,
sem saber quem ser!
Eu sou uma esperança,
sem forças!
Eu sou energia,
ora cansada!
Eu sou um velho,
ora criança!
Eu sou um moço,
ora velho!
Eu sou uma luz,
ora apagada!
Eu sou tudo,
não sou nada!
Roberto P. Acruche

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