LEMBRANÇAS
LEMBRANÇAS
Roberto Pinheiro Acruche
Ainda recordo seu sorriso,
a sua imagem continua viva em minha lembrança;
e não é somente aquela dos últimos momentos,
mas a dos primórdios,
dos meus tempos de criança.
Incrível!
Entre tantas,
recordo de uma na praia de Guaxindiba,
quando me levava em seu colo para um banho de mar.
Eu não tinha mais de quatro anos,
e mais de sessenta já se passaram.
Vejo claramente essa imagem
como tivesse diante dos meus olhos
a fotografia daquele dia.
Recordo de sua voz
cantando no seu idioma natal,
que eu não entendia,
mas soava, como entendendo estivesse
pela a alegria que transmitia.
Recordo de cada conselho e sermão,
da disciplina aplicada,
do peso da sua mão,
da sua postura
quando sentado à mesa
na hora da refeição.
São muitas lembranças sentidas,
saudosas e queridas.
uma história de vida,
agora, mais ainda refletida,
saudosa, que jamais será esquecida.
Exemplo, lição, espelho,
responsabilidade, trabalho, amor...
Meu PAI!
PENSANDO EM TROVAS
SOBRE O USO DO PALAVRÃO
Vejo muito comentário
enchido de palavrão.Será nosso vocabulário,
que ficou tão “pobretão”?
Vejo pessoas curtindo
esta forma de expressão;e até achando lindo...
Será isso inovação?
Imagine meu xará,
como vamos expressar:
-Em difícil condição;
Numa perda de repente;
Por uma dor de paixão;ou por suar no batente...
Para não ficar de fora,
o palavrão sendo moda,falaremos nessa hora:
Imagine... Isso é _ o _ a!
Roberto Pinheiro Acruche
O FILME REPETE
A
VOLTA DO BARBOSA
Estamos nesse momento, vendo e ouvindo o anuncio do
mesmo filme, que nos derradeiros meses do ano 2000, foi insistentemente
apresentado a população sanfranciscana.
A prefeitura atrasando pagamento dos funcionários, a
frota municipal de ambulâncias, caminhões e máquinas completamente sucateada, o
prefeito (Barbosa Lemos) jogando a responsabilidade na Câmara Municipal, como
se fosse Ela a gestora do orçamento e tivesse gastado indevidamente os recursos
da municipalidade; e ameaçando parar todos os serviços, fechar o hospital e os
postos de saúde.
A incompetência na definição das prioridades, do que é
essencial; a gastança sem o devido e indispensável planejamento; e a
inobservância do orçamento, são, sem dúvida alguma, as razões de praticamente
zerar em seis a sete meses, todo um orçamento previsto para um ano inteiro.
Ora, a matemática é uma ciência exata; se foram
gastos, (calculando em números redondos
e desprezando as suplementações realizadas) oitenta milhões de reais em dois
quadrimestres, para o terceiro
quadrimestre, supõe-se, que seriam necessários mais quarenta milhões. De onde
tirá-lo, como arrecadá-lo?
Nos cálculos apresentados pela Prefeitura, há uma “expectativa”
de arrecadar até dezembro, quatorze milhões de reais de superávit; e cobra
insistentemente e quase que impondo a Câmara a aprovar novas suplementações ao
orçamento, o que ainda seria insuficiente para fechar com equilíbrio as contas;
o déficit está previsto! Supõe-se que seria necessário, além da previsão, de quatorze
milhões a serem arrecadados, no mínimo mais vinte milhões de reais.
Acho que faltou, e continua faltando competência, bom
censo, responsabilidade, e mais, ética e moralidade no trato da coisa pública.
Busca-se agora, a qualquer preço, transferir a culpa
de todas as mazelas administrativas.
Foi cassado o mandato do Prefeito em razão dos
desmandos e principalmente pela calamitosa gestão na saúde pública do
Município; praticamente seis meses depois a situação se tornou ainda pior. Sem
falar nos demais setores, onde o caos se generalizou.
Não adianta agora, o Poder Executivo anunciar que o
município vai parar; já devia ter visto isso; e se não viu, é duplamente
responsável; pois ao invés de administrar o Município, optou pela aventura de
disputar uma eleição, deixando que tudo se agravasse cada vez mais. Tendo ainda
provocado o aceleramento da gravidade com gastos dispensáveis, desnecessários e
irresponsáveis. Cito como exemplo, seus primeiros atos: Mandou que pintasse de
vermelho e azul, vários próprios municipais (cores do seu partido político PR);
quando foi alertado que poderia ser responsabilizado, uma lei municipal define
claramente as cores oficiais, mandou que tudo fosse repintado; da mesma forma
com inúmeras placas que também foram substituídas; gastou indevidamente,
brincou com o dinheiro do povo, causando prejuízo ao erário público. Mandou que
fosse feito um recadastramento do funcionalismo, pois se dizia suspeitar de
excesso de gasto com pessoal; qual foi o resultado? (Pelo o que dizem e por
denúncias, dispensou por questões políticas, bons e dedicados servidores,
tornando os serviços pior e “inchou” ainda mais a folha de pagamento em torno
de um milhão e quinhentos mil reais). Alegando (absurdo) que este aumento na
folha de pagamento foi em razão da convocação dos concursados, que conforme
anunciado pelo próprio governo, só serão empossados no dia 23 de dezembro.
Absurdo, falta de verdade! Continuando,
essa elevação na folha de pagamento, entre agosto e dezembro estará custando
“sete milhões e quinhentos mil reais” a mais aos cofres da prefeitura. E para
não ser mais extenso, e terminar, continua gastando irresponsavelmente,
indevidamente, brincando com o dinheiro do povo, em setores que não são
essenciais e prioritários, quem sabe: por vaidade, pirraça, ou para ver o
“circo pegar fogo”.
É lamentável que um jovem, com a oportunidade que lhe
caiu de graça, de se aprimorar e preparar-se, que poderia se tornar, quem sabe,
uma excelente opção, tenha se deixado levar, o que poderá custar-lhe o fim de
uma carreira política que em princípio parecia promissora.
TEMOR OU FÉ
TEMOR OU FÉ
Pela vontade de Deus, estou vivendo,
desempenhando essa minha missão.
Ora cheio de esperança, querendo
viver mais, ora sem inspiração...
Esses momentos dúbios; condescendo!
Possivelmente não sejam em vão.
Ciência divina, que não compreendo.
Provavelmente existe uma razão.
Temor, fé, será? O que estou professando?
A vida ensina, sigo suplicando...
Pela paz, alegria e salvação.
Sigo enfrentando as minhas relutâncias,
absorvendo as minhas inconstâncias...
Pelos pecados pedindo perdão.
Roberto Pinheiro Acruche
TEMOR OU FÉ
Pela vontade de Deus, estou vivendo,
desempenhando essa minha missão.
Ora cheio de esperança, querendo
viver mais, ora sem inspiração...
Esses momentos dúbios; condescendo!
Possivelmente não sejam em vão.
Ciência divina, que não compreendo.
Provavelmente existe uma razão.
Temor, fé, será? O que estou professando?
A vida ensina, sigo suplicando...
Pela paz, alegria e salvação.
Sigo enfrentando as minhas relutâncias,
absorvendo as minhas inconstâncias...
Pelos pecados pedindo perdão.
Roberto Pinheiro Acruche
MISTÉRIO
MISTÉRIO
Estava em sono profundo,
intensamente adormecido!
Teria sido uma noite densa, longa
se um sonho não tivesse me despertado,
deixando-me impressionado, surpreso,
maravilhado.
Não foi um pesadelo!
Também não era um mundo diferente,
distante, desconhecido.
Estava no meu aposento
Inteiramente lúcido;
apenas deslumbrado
com a imagem que surpreendentemente
surgiu.
Em princípio era um anjo,
todo prateado, com aparência rígida,
zangado; em seguida ia se transformando.
na medida que se aproximava,
até, ficar inteiramente dourado,
reluzindo como ouro,
abrindo um sorriso infantil, gracioso
e desaparecendo silenciosamente,
evaporando-se, deixando uma
ansiedade interminável;
um mistério! ...
Roberto Pinheiro Acruche
DICIONÁRIO D RIMAS
Roberto Pinheiro Acruche
DICIONÁRIO De rimas - LINGUA PORTUGUESA -
BRASIL -
A
trova tomou-me inteiro,
tão
amada e repetida,
que
agora traça o roteiro
das
horas da minha vida!
Luiz Otávio
Terminação:
á
Ababá¹ – S. m. 1. Bras. Gíria. Alguidar.
- Ababá² - 1. Bras. S. Indivíduo dos ababás, tribo indígena tupi-guarani que habitava as cabeceiras do
rio Corumbiara (MT)
Abacá – S. m. 1. Botânica. V. Cânhamo-de-manilha;
planta do mesmo grupo da bananeira, da família das musáceas. [SINÔNIMOS] Bananeira-de-corda.
Abadá – S. m. 1. Bras. BA Popular.
Camisolão comprido e folgado de mangas curtas, usado pelos negros malês, nagôs,
parecido com o traje nacional da Nigéria. 2. Por
extensão. BA. Espécie de blusa ou
bata larga e solta, usada pelos foliões de blocos carnavalescos
Abatirá – S. m. 1. Bras. Indivíduo dos abatirás, tribo indígena que
habitava a antiga capitania de Porto Seguro.
Acá – S. m. 1. Bras. Árvore da família das sapotáceas; dotada de
frutos, abiu-do-mato. Advérbio. 2. Antigo. Cá.
Acaiá – S. m. 1. Cajazeira.
Acaná – S. f. 1. Bras. Frango-d’água.
Açaná – S. f. 1. Bras. Frango-d’água.
Acará¹ – [Do tupi aka’ra] S. m. 1. Bras. Peixe da família dos ciclídeos, pertencente
a diversos gêneros e espécies, que corre da BA ao RS, o mais comum do Brasil.
Os acarás caracterizam-se por cuidarem da prole, chegando mesmo a esconder os
alevinos na boca quando ameaçados. [SINÔNIMOS]
Acarajé. Cará. Acaratinga, papa-terra. Buvuari. (A)carapeba. - Acará² - S. m. 1. Bras.
Folclórico. Pedaço de algodão embebido em
azeite-de-dendê e em chamas, que, nos candomblés se põe na palma das mãos ou se
faz que o ingiram as pessoas de quem se suspeita estejam simulando possessão;
prova; confirmação de possessão.
LUGAR
LUGAR
Ainda que
seja pequeno,
pobre, atrasado,esquecido, abandonado...
Esse é o meu lugar.
Deixa quem quiser falar!
As línguas estão aí...Malvadas, soltas, loucas...
Contudo, dispostas a criticar.
Deixe que critiquem!
Esse é o meu lugar.
Aqui a chuva cai, o vento sopra,
o sol aquece, a lua aparece,a estrela brilha
como em qualquer lugar!
Esse é o meu lugar.
Aqui a natureza cria,
a coruja pia,o sabiá canta,
tudo me encanta...
Por que vou mudar?
Ah!... Esse é o meu lugar.
Aqui tenho paz,
amo e sou amado,bem-aventurado e aclamado;
que importa... pobre, esquecido,
atrasado, sou feliz e está acabado!
Esse é o meu lugar.
Roberto
P. Acruche
ESPELHO MEU
ESPELHO MEU
Olho o meu rosto refletido no espelho
e pergunto: Quem é você?
-Já vi você antes!...
No entanto esqueci-me de perguntar quem é você!
Mas agora, vejo-lhe aparentemente diferente;
o que lhe fez mudar?
O tempo, o vento, os dias, as noites, os sonhos,
as fantasias, os amores, as paixões, as desilusões?
Quem fez estas rugas em seu rosto,
este semblante cansado?
Onde estão o sorriso e o brilho dos seus olhos?
Diga-me, quem é você?
Abra a sua alma, exponha, escancara,
mostra o que tem por dentro.
Diga-me, o que fazes aqui?
Por que vieste?
Pra onde irás?
Sem respostas, afastei-me do espelho!
Roberto Pinheiro Acruche
EM VOCÊ
EM VOCÊ
Em seu olhar encontrei a luz
que clareia os meus passos e meus caminhos.
Em seus braços encontrei o calor
Em seus braços encontrei o calor
que me aquece e me conforta.
...Em seus lábios encontrei o doce
encanto do amor.
Em sua voz o prazer de ouvir.
Em seu perfume o cheiro das flores
que me embriagam.
Em suas mãos a suavidade dos seus carinhos
e o apoio.
Em seus ombros o amparo e o consolo.
Em você, encontrei a vida.
Roberto Pinheiro Acruche
O AMOR
O AMOR
O amor é
divino!
É a sinfonia
de um hino
sonorizada no
paraíso...
Onde as
flores mais belas
compõe a
aquarela.
São
como os rios e cascatas,
de
águas cristalinas,
nas
noites mais sublimes
entoando
serenatas
ao
luar enamorado,
que
corresponde,
arremessando
seu prateado
sobre
as matas.
O amor!
São canções;
são os mais
lindos madrigais;
são sonetos
nos jornais
sensações
sentimentais.
É o céu mais
estrelado,
são seres
apaixonados
em primores
rituais.
O
amor!
É
a poesia infinda,
o
sorriso da criança... Mais linda!
É
a beleza do verso...
O Amor!
É a conversão
do pecado...
É a luz que
brilha mais ainda
Em todo
universo.
Roberto P. Acruche
A Cultura sanfranciscana, torna-se cada vez mais conhecida através da inspiração poética de Roberto Acruche.
Roberto Acruche foi alvo de mais uma homenagem pelo seu trabalho literário; inclusive em recente apresentação no Trianon, em Campos dos Goytacazes, foi muito aplaudido quando declamou alguns dos seus poemas.
PASSARADA
PASSARADA
Gorjeia
Passarada,
acorda a minh’alma
com o seu cantar.
Faça vibrar o meu coração
com a sonoridade do seu canto;
traduza a letra dessa melodia
de beleza incomparável;
quero entender a sua canção
e também poder cantar.
Gorjeia Passarada,
deixa a minh’alma encantada
com essa alvorada sonora
que traduz nessa hora
a melodia inigualável
que surge do seu cântico.
Gorjeia passarada...
Roberto P. Acruche
SONHOS NAUFRAGADOS
SONHOS NAUFRAGADOS
Um peixinho prisioneiro
fora do seu hábitat
sofre no cativeiro
olhando as águas do mar.
Vendo a sua sombra
em outro plano a nadar
imagina não estar só
preso naquele lugar.
Ao vê-lo assim, imagino,
para onde irão levá-lo
e quantos sonhos ficaram
lá no fundo do mar.
Assim vive tanta gente
pelo mundo a lamentar
em aparente liberdade,
prisioneira... e na verdade,
sem o direito de sonhar!
Roberto Pinheiro
Acruche