O RIO
Roberto Pinheiro Acruche
O rio passa
sereno... pacato... tranqüilo...
Lentamente, com destino ao mar.
Durante o dia, suas águas cintilam
com os raios dourados do sol.
À noite, espelha as estrelas que brilham no céu.
E quando é lua cheia, ai então,
se transforma numa paisagem prateada
que encanta nossos olhos.
Nessa caminhada lenta, atassalhando o solo,
irrigando as várzeas,
passam flutuando os galhos que secam
e caem dos seus troncos,e sem destino
são levados e deixados
cumprindo, quem sabe, as funções da natureza;
assim como as folhas que se soltam de seus galhos,
as pétalas de flores que se desmancham
atirando-se nas águas em busca do seu fadário.
De vez em quando, flutua num navegar vagaroso
a canoa do pescador,que rema pacientemente rumo ao ponto
onde esperançosamente arremessa a sua rede
na perspectiva de encontrar o cardume
ou então, a mais linda espécie originária daquelas águas;
que enriquecerá a sua mesa ou a história que orgulhosamente
conta de seus feitos.
O quadro é deslumbrante!...
Principalmente quando a vegetação,
sempre vistosa de suas margens,
como se desejassem beijar as águas
que irrigam as suas raízes,
deixa-se cair em sua busca,
assim como as árvores,
talvez encantadas com a beleza da imagem,
risonhas e felizes, a completa fazendo-se florir,
cada uma com a sua tonalidade,
colorindo num contraste
somente capaz de ser criado pela Divindade.
Em toda a sua trajetória, banhando as pedras,
rompendo obstáculos, cruzando campos,
atravessando as sombras dos arbustos
que se fecham fazendo-lhe continência,
sob a luz do sol que vem do firmamento azul
ou da noite escura refletindo nas águas as estrelas
e até o prateado do luar sempre enamorado...
Majestosamente, o Rio que é vida, sonho, poesia, verso, símbolo, inspiração,
chega a sua foz cantando e harmonizando uma imagem,
cuja decoração, unicamente os Deuses seriam capazes de arquitetar.
Ah!...Meu rio poeta, inspirador...
Abençoado sois...
Maculados são aqueles que denigrem a sua imagem
e tentam impedir o seu seguimento,
a sua missão,
que proporciona a natureza misteriosa,
elaborar as etapas de sua interminável evolução.
Roberto Pinheiro Acruche
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